A 74ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim chegou ao fim com o reconhecimento de obras brasileiras na premiação e a contemplação do documentário Dahomey, dirigido por Mati Diop, com o Urso de Ouro, prêmio principal do festival.

Dahomey

A diretora e atriz franco-senegalesa ganhou reconhecimento internacional com o seu Atlantique, um drama que acompanha um grupo de trabalhadores em uma obra em Dakar que se lança no mar em busca de uma vida melhor, impactando aqueles que ficam. O filme ganhou o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 2019.

Dahomey é uma co-produção entre França, Senegal e Benim que se debruça sobre o debate da devolução de artefatos históricos usurpados por tropas coloniais europeias.

Lê-se na sinopse oficial: "Novembro de 2021. 26 tesouros reais do Reino de Daomé estão prestes a deixar Paris para retornar ao seu país de origem, a atual República do Benim. Juntamento com milhares de outros, esses artefatos foram saqueados por tropas coloniais francesas em 1892. Mas qual atitude adotar com a volta destes itens ancestrais em um país que teve que avançar na sua ausência? O debate acirra entre os estudantes da Universidade Abomey-Calavi."

O documentário ganhou o Urso de Ouro no festival. "Nós podemos ou esquecer o passado, vê-lo como uma carga desagradável que nos impede de evoluir, ou nós podemos tomar responsabilidade e utilizá-lo para avançar", disse Diop em seu discurso durante a premiação.

Brasil em Berlim

A cineasta brasileira Juliana Rojas (Sinfonia da Necrópole e As Boas Maneiras) ganhou o prêmio de melhor direção na secção Encounter do Festival de Berlim, pelo seu mais recente longa-metragem, Cidade; Campo.

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Cidade; Campo © Dezenove Som e Imagens

O longa acompanha a jornada de duas imigrantes pelo Brasil. Joana se muda para São Paulo após sua cidade em Minas Gerais sofrer uma inundação devastadora. Já da cidade para o campo, após a morte de seu pai, Flávia se muda com a sua esposa, Mara, para a fazenda que era da família, e cuja natureza obriga as mulheres a se confrontarem com fantasmas do passado.

O longa-metragem Dormir de Olhos Abertos, uma co-produção entre Brasil, Taiwan, Argentina e Alemanha, levou o prêmio FIPRESCI da Crítica Internacional da Competição Encounters. O filme é dirigido pela alemã Nele Wohlatz (El Futuro Perfecto) e produzido pelo diretor brasileiro Kleber Mendonça Filho (Bacurau) e Emilie Lesclaux, sob sua produtora Cinemascópio.

Lê-se na sinopse oficial: "Kai chega de férias vinda de Taiwan com um coração partido. Um ar condicionado quebrado leva-a até a loja de guarda-chuvas de Fu Ang. Ele poderia se tornar um amigo, mas quando a época de chuvas não chega, a loja fecha. Enquanto procura por Fu Ang, Kai conhece Xiao Xin e um grupo de trabalhadores chineses em um arranha-céus sofisticado. Kai se vê estranhamente refletida na história de Xiao Xin."

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Dormir de Olhos Abertos © Rediance

A 74ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim decorreu de 15 a 25 de fevereiro de 2024, na capital alemã.