Vencedor de três prêmios no Festival de Tribeca de New York, Griffin in Summer foi exibido também na edição do mesmo festival, realizado em Lisboa, no último fim de semana. Além da projeção do filme, o diretor/realizador da obra, Nicholas Colia, e a produtora Juliet Berman, estiveram presentes na sessão para conversar um pouco sobre o processo de criação.

Primeiro longa-metragem de Nicholas, Griffin in Summer acompanha um garoto norte-americano de 14 anos de idade que sonha em ser diretor de teatro. Para isso, Griffin pretende passar todo o seu verão trabalhando em uma nova peça escrita por ele. No entanto, quando o menino conhece Brad, um jovem de 25 anos que é contratado para fazer alguns trabalhos braçais na casa dos seus pais, o garoto acaba desenvolvendo um 'fascínio' por Brad, o que faz com que toda a sua vida sofra uma grande transformação.

Já na primeira cena do longa, onde presenciamos Griffin apresentando um monólogo em um show de talentos da escola, é possível notar a impressionante capacidade da interpretação do jovem Everett Blunck. Poucas vezes presenciei uma salva de palmas após o término da primeira cena do filme, o que aconteceu durante a exibição, e por sinal, de forma natural e merecida. Everett entrega, não só neste monólogo, como durante todo o longa, uma performance cheia de nuances e profundidade, que faz com que o seu personagem se eleve, inclusive em relação à estrutura da própria obra.

Não que o filme não seja interessante como um todo, mas é fácil perceber que sua estrutura narrativa e concepção estética são construídas de maneira funcional e pouco inventiva. Um 'coming of age' clássico, onde o herói se apaixona, se ilude, e no fim aprende a lidar com o desapontamento para poder sofrer uma transformação. Porém, o que diferencia Griffin in Summer de outras obras semelhantes, é a humanidade e afeto transmitidos através do personagem de Griffin. Um garoto que passa por um processo de entendimento do outro e também de si mesmo.

Seria fácil para Nicholas Colia cair em um lugar comum em que o desejo do seu personagem adolescente fosse posto em cheque pela sociedade e os personagens que o rodeiam. No entanto, o autor não coloca isso em questão, e resolve abordar a sua narrativa sempre a partir do ponto de vista do garoto, sem qualquer tipo de julgamento. Por isso, ao lado de Griffin durante toda a sua jornada, temos um 'fiel' acesso aos sentimentos e emoções de um adolescente, que somado à sublime execução de Everett Blunck, faz com que o filme chegue a um lugar pouco acessado. Um lugar de afeto, paixão, inocência, e desejo, característico de uma fase difícil e transformadora na vida de todos nós.

Griffin in Summer ainda não tem previsão de estreia comercial no Brasil ou em Portugal.

★★★

3/5