Godzilla e Kong: uma quinta obra para o MonsterVerse
Desde o lançamento de Godzilla, em 2014, o "MonsterVerse" da Warner Bros. mudou muito. Não no princípio, já que os filmes que se seguiram (Kong: A Ilha da Caveira, Godzilla II: Rei dos Monstros e Godzilla vs. Kong) sempre apresentavam monstros gigantes se confrontando na Terra e destruindo cidades inteiras no processo. Mas sim no tom. Ao longo dos longas-metragens, o humor tornou-se cada vez mais marcante e o exagero cada vez mais grosseiro (como no caso de Mechagodzilla). O que agora aproxima mais o "MonsterVerse" da saga Transformers do que das últimas produções japonesas – como Godzilla: Minus One, que conseguiu convencer com seu tom trágico.
Sem surpresa, Godzilla e Kong: O Novo Império, portanto, continua neste caminho de blockbuster 'sem cérebro', como Hollywood muitas vezes nos serve, com tão pouca reflexão sobre o nosso mundo, como sempre. Por exemplo, o tema ecológico está mais do que nunca sendo deixado de lado em favor do grande espetáculo. E a questão do impacto da colonização sobre os povos indígenas (aqui os Iwis) é reduzida a duas linhas de diálogo, depois deixadas de lado por uma piada. Adam Wingard, voltando a dirigir após Godzilla vs. Kong, deseja privilegiar a leveza e entreter o público até mesmo em suas sequências de ação. Como Kong que usa uma criança de sua espécie para bater em seus colegas sem nenhum remorso. Uma passagem hilariante de baixa qualidade, que surpreendentemente funciona.
Ação e emoção
Porque uma vez que aceitamos o grande absurdo assumido por Godzilla e Kong: O Novo Império, ficamos na verdade apanhados no jogo deste tipo, de passagens sem sentido e diminutas. É aqui também que o diretor mostra um pouco de inovação com sua câmera, como usar a ausência de gravidade para levar o espectador em todas as direções enquanto seus monstros se chocam. Além disso, mesmo que não esteja visualmente à altura, tudo acaba sendo mais legível e apreciável do que algumas grandes produções ofereceram recentemente. Ao mesmo tempo, teria sido difícil fazer algo pior do que The Flash ou As Marvels, dois blockbusters de super-herói compostos por efeitos especiais horríveis.
Exceto pelo final exaustivo, Godzilla e Kong: O Novo Império tem portanto, ao seu lado, essas grandes lutas, divertidas para os fãs do gênero. Infelizmente, o filme se arrasta muito antes de chegar lá. Por longos minutos, acompanhamos a Dra. Ilenne Adrews (Rebecca Hall) que explora a Terra oca ao lado de sua filha adotiva Jia (Kaylee Hottle), e de dois engraçados de plantão, Bernie (Brian Tyree Henry) e Trapper (Dan Stevens). Teríamos passado bem sem estes últimos, até porque mãe e filha são suficientes para trazer emoção ao filme. Uma emoção apreciável, que também vem de Kong e da sua capacidade de comunicação. Por esse aspecto emocional, o filme é inteligente o suficiente para enfatizar o macaco gigante, mas deve em troca minimizar a presença de Godzilla. Uma escolha que pode desagradar a alguns que, pelo título, esperavam uma maior colaboração entre os dois titãs.
Godzilla e Kong: O Novo Império, de Adam Wingard, estreia mundialmente nos cinemas dia 28 de março de 2024. Em Portugal, o título oficial é Godzilla x Kong: O Novo Império. Acima está o trailer.
Conclusão
Partindo de um a priori forte, Godzilla e Kong: O Novo Império acabou sendo menos pior do que se imaginava. Sem ser um bom filme, o blockbuster pelo menos tenta criar emoção em meio a sequências de ação comicamente improváveis.
Por Pierre Siclier.