Com uma sequência de 10 minutos de aplausos no Festival de Veneza, o mundo volta os olhos para Ainda Estou Aqui. O filme brasileiro, de Walter Salles, ganhou destaque na imprensa internacional após ser ovacionado. Entre os destaques, o trabalho elogiado de Fernanda Torres, tem chances de angariar prêmios. Isso também animou os fãs, que já pedem a indicação da atriz ao Oscar.

Sinopse de Ainda Estou Aqui

Ambientado no Brasil em 1971, Ainda Estou Aqui mostra um país em crise. É a crescente do controle cada vez maior de uma ditadura militar. Baseada nas memórias de Marcelo Rubens Paiva sobre sua mãe, Eunice Paiva (vivida por Fernanda Torres), a história é verídica. Acompanha uma mãe de cinco filhos que se vê obrigada a se reinventar. Tuso depois de o marido ser retirado a força de casa pela Polícia Militar e desaparecer sob sua custódia.

O roteiro foi escrito por Murilo Hauser (A Vida Invisível) e Heitor Lorega.

Uma história real

O sucesso de Ainda Estou Aqui em Veneza também tem a ver com o enredo verdadeiro do filme. A história foi escrita em um livro por Marcelo Rubens Paiva. Ele tinha só 11 anos quando seu pai, o deputado esquerdista Rubens Paiva, foi arrastado para interrogatório pelos militares. Isso aconteceu após retornar do exílio. Ele nunca mais foi visto.

Sua esposa fez campanha incansável para descobrir seu paradeiro. A época era perigosa, em que o Brasil era controlado pela ditadura militar. Eunice Paiva foi presa junto com o marido e mantida em uma cela escura por 12 dias. Isso antes de assumir sua nova função, que se tornaria uma corrida contra o Mal de Alzheimer. Enquanto ainda podia, ela descobriu o desaparecimento do marido. Fez de tudo para garantir que os acontecimentos fossem registrados para serem compartilhados com as gerações futuras. A Comissão Nacional da Verdade concluiu que o deputado foi torturado até morrer, por receber cartas de organizações de esquerda.

Missão pessoal para Walter Salles

Salles levou anos para concluir este trabalho. Ele viu o Brasil passar da ditadura para a democracia. Por isso, contar a saga da família Paiva foi uma missão pessoal. Foi também uma história que observou de perto porque era amigo da família Paiva.

"A maioria dos meus projetos pessoais exigiram processos de desenvolvimento muito longos, desde a Central do Brasil, que durou cinco anos, e Diários de Motocicleta foram quatro", contou Salles em 2021.

"Nenhum levou tanto tempo quanto este que estou desenvolvendo. Parte foi uma testemunha de quando eu tinha 13 anos. O que desencadeou isso foi a emoção que senti ao ler o livro, escrito por esse meu amigo Marcelo. Ele foi um dos cinco filhos da família que descreveu no livro autobiográfico que é verdadeiramente sobre esta família completamente normal composta por pai, mãe e filhos dos nove aos 16 anos. Eles tiveram uma vida rica com amigos, humor e uma luz. Um dia, o inesperado aconteceu quando o pai foi levado ao quartel militar para interrogatório. Ninguém naquele momento sabia que aquela seria a última vez que o veriam novamente. Isso coincidiu com um momento desse regime totalitário brasileiro, onde as coisas começaram a ficar extremamente violentas, e onde havia censura e tortura."

Salles também é conhecido por filmes como Linha de Passe, o remake de Água Negra e Na Estrada. Ele fez recentemente um documentário sobre o colega cineasta Jia Zhang-ke, em 2016. Ainda Estou Aqui é seu primeiro longa narrativo em 12 anos.