Francis Ford Coppola compartilhou suas idéias de forma crítica ao atual sistema de estúdios. As declarações foram feitas na coletiva de imprensa do seu épico autofinanciado Megalopolis, no Festival de Cinema de Cannes. Para ele, o sistema não deve existir por muito mais tempo.

"Temo que a indústria cinematográfica tenha se tornado mais uma questão de pessoas sendo contratadas para cumprir suas obrigações de dívida, porque os estúdios estão muito, muito endividados. E o trabalho não é tanto fazer bons filmes, mas garantir que eles paguem suas dívidas", disse Coppola em resposta a uma pergunta da Variety. "Obviamente, novas empresas como Amazon, Apple e Microsoft têm muito dinheiro, então pode ser que os estúdios que conhecemos há tanto tempo, alguns maravilhosos, não estejam mais aqui no futuro."

"Iluminar o que está acontecendo no mundo"

Francis Ford Coppola pontuou questões políticas e suas influências. "Homens como Donald Trump não estão neste momento no comando, mas há uma tendência acontecendo no mundo em direção à tradição mais neo-direitista, até mesmo fascista, o que é assustador porque qualquer pessoa que esteve viva durante a Segunda Guerra Mundial viu os horrores que levaram lugar e não queremos que isso se repita", disse Coppola. "Então, novamente, acho que é papel do artista, dos filmes, iluminar o que está acontecendo no mundo."

Megalopolis

O épico de ficção científica dividiu o público de Cannes em sua estreia na noite de quinta-feira (16). O filme foi aplaudido de pé por sete minutos, mas também gerou muitos discursos sobre sua série de cenas chocantes.

Coppola vinha tentando fazer Megalopolis há décadas. Agora usou US$ 120 milhões de seu próprio dinheiro, fruto de seu império vitivinícola para produzir o filme. Porém, a controvérsia cercou o filme antes de sua estreia. O custo e as respostas supostamente silenciosas às primeiras exibições dificultaram uma distribuição segura.

Polêmicas

Uma reportagem do The Guardian também alegou caos no set. O comportamento de Coppola em relação às mulheres gerou polêmica. Segundo a publicação, o cineasta teria tentado beijar figurantes para "deixá-los no clima", para uma cena em uma boate. Coppola não respondeu às alegações, mas o coprodutor executivo Darren Demetre defendeu o diretor em uma declaração ao Guardian, dizendo que Coppola beijou alguns figurantes na bochecha de maneira amigável, mas ninguém jamais expressou a ele que o comportamento de Coppola fez eles desconfortáveis.

Megalopolis marca o primeiro filme do diretor de 85 anos em mais de uma década, desde Virgínia, de 2011.