Ainda Estou Aqui, o drama de Walter Salles baseado na obra de Marcelo Rubens Paiva, foi ovacionado por 10 minutos após a sua exibição no 81º Festival Internacional de Cinema de Veneza e ganhou um burburinho após a sua estreia mundial, com elogios particularmente voltados à atuação de Fernanda Torres. O reconhecimento do júri chegou com o prêmio de melhor roteiro para os brasileiros Murilo Hauser e Heitor Lorega.

O filme olha para a jornada de Eunice Paiva, a mãe do escritor, interpretada por Torres, e é baseado em sua história real e sua luta pelos direitos humanos após o desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva, durante a ditadura militar brasileira. Ambientado no Rio de Janeiro, durante o conturbado período político, o drama vê Eunice tornar-se uma viúva mãe de cinco filhos, após militares invadirem a sua casa e levarem o seu marido, que desapareceu nas mãos da polícia. Ela é forçada a se reinventar ao passo que luta incessantemente para descobrir a verdade.

"O prêmio de Melhor Roteiro abraça todo um filme, porque um roteiro é a sua argamassa. Nele, o Festival reconhece o trabalho destes roteiristas tão talentosos que são Murilo Hauser e Heitor Lorega, o livro incrível de Marcelo Rubens Paiva, a história de Eunice, Rubens e de seus filhos, e o nosso desejo de contá-la no cinema. É, portanto, um prêmio de uma grande importância simbólica.", disse Salles após a premiação, como reportado pelo G1.

A inspiração para a obra baseada em fatos reais

A inspiração para a obra, que é seu primeiro longa-metragem de ficção desde Na Estrada, lançado há 12 anos, surgiu do convívio de Walter Salles com a família Paiva durante a juventude. O elenco conta ainda com Fernanda Montenegro (que vive a versão mais velha de Eunice) e Selton Mello, que faz Rubens Paiva.

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Ainda Estou Aqui © Globoplay

O diretor comentou, em entrevista à Variety, a contemporaneidade do filme. "Nós começamos este projeto achando que estávamos recontando uma história do passado, mas percebemos que é também um reflexo do nosso presente. Nós temos que nos lembrar do que aconteceu. O Cinema pode ser um instrumento poderoso de resistência à essas forças - para nos ajudar a evitar o esquecimento. Um país sem memória é um país sem futuro."

Ainda Estou Aqui é uma co-produção original Globoplay, produzido ainda pela Videofilmes, RT Features e Mact Productions, e co-produzido pela Arte France e Conspiração. A distribuição internacional do filme foi adquirida pela Sony Pictures Classics.

Ainda não existe uma data de estreia confirmada para o filme no Brasil.