Naquele que é o seu sexto longa-metragem, Alex Garland, diretor responsável por títulos como Ex_Machina: Instinto Artificial e Aniquilação, submerge os Estados Unidos em um caos total. Guerra Civil (Civil War) coloca o país em uma guerra interna e acompanha os conflitos pela perspectiva de jornalistas de guerra, um elenco formado por ninguém menos que o brasileiro Wagner Moura, que trabalha ao lado de Kirsten Dunst (Melancolia) e Cailee Spaeny (Priscilla).

Trama e reações de quem já viu

Segundo a sinopse oficial, Guerra Civil é "uma corrida até a Casa Branca em uma América do futuro próximo equilibrada sobre o fio da navalha." No caos da guerra, o trailer revela imagens de aviões do exército americano em ataques aéreos contra a própria população, em uma realidade onde é normal atirar contra jornalistas em pleno Capitólio.

As reações de quem já assistiu o filme, no festival americano SXSW, são intensas, considerando-o "fenomenal", "imersivo", "visceral" e "uma obra-prima". “Estou sem palavras. Uma história horrível, uma história de jornalismo. Uma história americana, bem contada”, escreveu Alyssa Vidales. “(...) é diferente de tudo que eu já assisti. É uma imagem de guerra grande, viscosa e cheia de ação da A24, o que significa que traz consigo uma riqueza e profundidade que você não encontra em nenhum outro lugar.", comentou Erik Davis.

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Guerra Civil © A24

Sobre os problemas da polarização

Em um painel de conversa após a estreia do filme no SXSW, registrado pelo THR, Garland comentou temas levantados pelo longa, uma produção da A24 que inquietantemente conversa muito com os tempos vividos pelos EUA pós era Trump e na iminência de novas eleições.

O diretor confirmou que questões às quais vemos o acirramento nos dias de hoje, estavam na sua mente quando escreveu o filme há 4 anos, quando Trump era presidente dos EUA e o mundo vivia em plena pandemia. Assim como Garland rejeita as observações de um suposto caráter premonitório de Ex_Machina, alegando que as discussões sobre IA acontecem há muitos anos, o mesmo acontece com Guerra Civil.

O diretor inglês alega ainda que o filme não é suposto de ser sobre os EUA especificamente e que não pretende apontar o dedo para o país. "As divisões dos EUA encontram ecos quase precisos em muitos países ao redor do mundo. No caso dos EUA, há um perigo extra, dado o seu poder e sua importância no mundo.", disse.

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Guerra Civil © A24

Garland pontuou que nenhuma nação está imune aos problemas decorrentes da polarização política. "Os EUA têm um conceito interno de excepcionalismo, o que significa que sentem que são imunes a alguns tipos de problemas. Uma coisa que a História nos mostrou é que ninguém está imune. Ninguém é a exceção.", reiterou.

"E se nós não aplicarmos a racionalidade e a decência e a consideração a esses problemas, em qualquer lugar, pode sair do controle... Eu não estou tentando locar (esses problemas) para os EUA, isso seria factualmente errado. Eu posso te levar para casa (para a Grã-Bretanha) e posso te mostrar as mesmas coisas acontecendo no meu país. Mas as implicações aqui são muito maiores.", explicou Garland.

A falta de diálogo

O diretor revelou que Guerra Civil tenta iniciar um diálogo sobre a divisão política e a própria falta de diálogo, fruto de visões que demonizam as opiniões divergentes e tornam-nas 'más'. "Por que nós estamos falando e não ouvindo? Nós perdemos a confiança na mídia e nos políticos. E alguns na mídia são maravilhosos e alguns políticos são maravilhosos - em ambos os lados. Eu tenho uma posição política e tenho bons amigos que estão do outro lado dessa divisão política. Honestamente, eu não estou tentando ser fofo: O que é tão difícil sobre isso? Por que nós ainda estamos encerrando conversas?"

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Para o diretor, há que atentar-se a esse maniqueísmo que, em sua opinião, é muito fruto dos mecanismos das redes sociais. "Nós transformamos isso em bom x mal. Nós transformamos em uma questão moral, e é muito idiota e incrivelmente perigoso... Pessoalmente eu (culpo) as redes sociais por isso. Existe uma interação entre humanos que vai embora quando alcança-se esse fórum público.", disse Garland.

Lançamento e trailer

A expectativa é que Guerra Civil chegue aos cinemas brasileiros no dia 18 de abril. Até lá, confira o segundo trailer oficial da produção.