Greta Gerwig, Margot Robbie e America Ferrera se reuniram para uma conversa sobre Barbie durante a programação do Deadline Contenders em Los Angeles. O fenômeno de bilheteria, que despertou fortes emoções no público e recebeu elogiosas críticas foi um dos painéis de destaque durante o evento que convida diretores, atores e outros membros da equipe de produção dos principais filmes dessa época de premiações.

"Ela literalmente mudou o jogo"

Na conversa, Robbie fez questão de sublinhar a magnitude do acontecimento de Barbie, não apenas o seu impacto com a audiência, mas como o seu sucesso mudou o jogo da indústria e a visão comercial acerca de diretoras mulheres e de filmes com protagonistas femininas. "Ela (Gerwig) literalmente mudou o jogo. De agora em diante é diferente por causa do que ela fez. É gigantesco. E alguém vai aparecer com uma outra ideia original que requer um grande orçamento, e terá uma protagonista feminina e vão apontar para Barbie e falar: 'Mas aquilo fez dinheiro.' E todo mundo vai dizer 'Ah, é, vamos ter que aprovar isso.' E isso é incrível."

Barbie se concretizou como o filme que rendeu a maior bilheteria da história para a Warner Bros., além de ser o filme mais rentável já dirigido por uma mulher. Com um sucesso inesperado, no primeiro final de semana, Barbie arrecadou US$ 162 milhões só nos EUA, que foi o maior lançamento de um filme de uma diretora mulher, das carrerias de Robbie e de Ryan Gosling e do ano todo de 2023.

Jornada fora da caixa

Na conversa, Robbie ainda expôs como foi viver a personagem, aparentemente frívola, mas que se mostrou complexa e profunda. "Ela (Barbie) se coloca em uma caixa no começo. Ela se refere a si mesma como a 'Barbie Estereotipada', que tem conotações negativas ligadas à palavra. Então ela entra nessa jornada de sair, da metafórica e física, caixa. E foi divertido entrar nessa jornada, e na verdade, acho que foi o papel que mais me expôs, de todos que eu já tinha feito. O que parece estranho, porque você pensa que interpretar a Barbie seria um empreendimento muito superficial, mas realmente acabou sendo extremamente profundo, muito mais vulnerável e expositivo e especial do que eu jamais poderia imaginar."

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America Ferrera em Barbie © Warner Bros.

O famoso monólogo

E o marcante e emocionante monólogo de Gloria, personagem de America Ferrera, não ficou de fora da discussão. O texto, escrito por Greta Gerwig, que depois incorporou também sugestões de Ferrera, revelou-se impactante já no set. A diretora contou que durante a filmagem, mulheres e homens da equipe chegaram a enxugar as lágrimas enquanto a atriz recitava o texto.

A gravação do monólogo de Gloria levou dois dias. "Foi profundamente energizante e profundo, para conseguir trazer aquilo à tona. Foi um presente incrível. Nunca um diretor nomeado ao Oscar tinha me ligado e dito 'eu escrevi um papel para você'. Sabe? Nunca tinha acontecido. E ela não era uma imigrante ilegal, ela não era uma empregada. E além disso ela podia se divertir, provar as roupas da Barbie e ser parte da alegria. Nós não somos convidados para festas assim. Eu tenho tanta gratidão que a Greta conseguiu ver uma versão maior de convidar alguém como eu, e o tipo de pessoas que eu represento, para essa festa." - disse Ferrera.

"Você escreveu para nós"

A atriz deu ainda uma perspectiva da vida do filme além da tela, e de como a história repercutiu: "Eu conversei com tantas mães desde o lançamento de Barbie e elas meio que têm a mesma experiência que a Gloria teve. Que é tipo: 'eu sei que eu tinha que trazer a minha filha para assistir Barbie, e eu tinha sentimentos controversos sobre isso, mas então eu percebi: esse filme é para MIM!' E é literalmente aquele momento em que Gloria fala: 'você veio para mim!'."

Compartilhando com Greta Gerwig e Margot Robbie como foi ler Barbie pela primeira vez, Ferrera disse: "E foi assim que eu me senti quando eu li o roteiro. Você escreveu para nós. Você escreveu para mulheres, para mães poderem brincar e serem criativas, alegres e infantis e, ao mesmo tempo, guardarem a complexidade, o peso e a verdade do que efetivamente significa ser uma mulher no mundo real."