O início de 2024 marcaria os 135 anos de um dos maiores criativos da história. O autor J. R. R. Tolkien, muito conhecido pela obra O Senhor do Anéis, deixou um legado importante para a literatura internacional. A escrita de Tolkien marcou gerações com todo um universo literário também levado às telas.

Nascido em Bloemfontein, na África do Sul, em 3 de janeiro de 1892, o nome de Tolkien foi envolvido em uma polêmica. Tudo foi causado pela família do autor e, justamente, com sua obra mais famosa.

Todo o universo em torno de O Senhor dos Anéis foi criticado pela família, especificamente no que se refere à trilogia nas telonas. Eles simplesmente odiaram os filmes da saga. Com isso, é impossível não se questionar sobre a série lançada há pouco tempo pelo Prime Video. Será que, agora, eles aprovaram a adaptação? Veja o vídeo que produzimos sobre este assunto:

O início da polêmica

“O abismo entre a beleza e a seriedade do trabalho e o que se tornou, é demais para mim”. Essa fala foi de Christopher Tolkien, filho do autor, em 2012, ao jornal Le Monde. Depois da morte do pai, em 1973, Christopher se tornou quase um protetor de todo o seu legado e, por isso, fez de tudo pra que fossem respeitados os desejos e a visão de Tolkien.

O cuidado com a obra e a criação do pai era tanto que, em 2012, Christopher lutou na justiça para evitar que fosse criada uma máquina caça-níqueis inspirada em O Senhor dos Anéis. Na época, a família alegava que Tolkien era um católico devoto e, provavelmente, não concordaria em associar toda sua obra a um jogo de azar.

"Normalmente os executores do espólio querem promover um trabalho o máximo que puderem. Somos o oposto disso. Queremos colocar o foco em algo que não seja o senhor dos anéis", disse Adam Tolkien, neto do escritor, em 2012, ao Le Monde.

Os direitos

Nos anos 1960, os direitos de adaptação de O Senhor dos Anéis foram vendidos pelos Tolkien's. Já nos anos 2000, foram repassados à Warner Bros. Pictures, momento em que começou o desgosto todo.

Uma cláusula contratual previa o pagamento de uma parte dos lucros dos filmes à família Tolkien, mas a Warner não teria cumprido. “Esses filmes extremamente populares, aparentemente, não tiveram nenhum lucro. Recebemos declarações dizendo que os produtores não deviam um centavo à família Tolkien”, comentou Cathleen Blackburn, a advogada da família, ao Le Monde, em 2012.

A abordagem hollywoodiana

Além da questão financeira, Christopher Tolkien não poupou críticas à abordagem hollywoodiana sobre a história de O Senhor dos Anéis. Ele não gostou de várias decisões de Peter Jackson, que adaptou e dirigiu os três filmes. “O aspecto comercial reduziu a nada o impacto estético e filosófico de sua criação. Só há uma solução para mim: fechar os olhos”, disse em 2012 ao Le Monde.

Na avaliação, Christopher ainda disse que a história do livro foi estragada. Para ele, havia sido transformada em uma franquia de ação para jovens de 15 a 25 anos.

A série do Prime Video

Christopher Tolkien faleceu em 2020, quando já não era mais o responsável por manter e cuidar do legado do pai. Ele não chegou a se envolver na produção da série lançada pelo Prime Video, mas a família Tolkien segue administrando os direitos sobre as obras.

O curioso é que, ao que tudo indica, os Tolkien's aprovaram o rumo da história contada na série da Amazon. Representantes da família classificaram a obra de Tolkien melhor na telinha do que da telona. Segundo o jornalista Alexandre Guglielmelli, do portal Observatório do Cinema, eles avaliaram que a história funciona melhor no panorama televisivo, dividida em temporadas, do que em uma franquia cinematográfica.