Penélope Cruz foi a anfitriã do evento BAFTA: A Life In Pictures que ocorreu em Londres esta semana. De acordo com a matéria divulgada pelo portal Deadline, ela respondeu às perguntas do público de forma simpática, divertida e até maternal.

Sobre suas frequentes e bem sucedidas colaborações com o diretor Pedro Almodóvar, a quem descreveu como “um gênio”, ela disse: “Temos essa conexão sobrenatural que, não sei, tem sido como uma amizade mágica. É muito mais do que um diretor com quem trabalho, é alguém que adoro e que me ensinou muito e me sinto a pessoa mais sortuda por ter participado de sete de seus filmes e espero que muitos mais. E é uma grande aventura estar com ele no set e tê-lo na minha vida, sabe, até mesmo um almoço ou jantar com ele. Você nunca sabe o que ele vai dizer a seguir. Ele é cheio de surpresas e é tão honesto, brutalmente honesto se você for amigo dele”.

Quando questionada sobre com qual ator ela mais gostaria de trabalhar e que ainda não teve a oportunidade, Cruz respondeu sem hesitar “Meryl Streep!”.
“Estou sempre implorando aos meus agentes que me levem ao set dela, só para lhe servir o café ou algo assim”, disse ela em tom de brincadeira.
E continuou expressando a sua admiração: “Cada vez que a vejo, corro para abraçá-la. E ela é tão paciente porque toda vez ajo como se fosse a primeira vez que faço isso. Outro dia ela recebeu um prêmio muito, muito importante e aí ela me nomeou no discurso e eu não acreditei. E assisti vinte vezes para ter certeza. Era como se ela soubesse que eu existo, sabe? Ela é minha heroína número um e adoraria trabalhar com ela”.

A ganhadora do Oscar pelo filme Vicky Cristina Barcelona (2008) ainda falou sobre sua estreia na direção de um longa e como Almodóvar a incentivou desde seus 20 anos: “Sempre quis fazer isso. Lembro-me de conversas com Pedro (Almodóvar) quando eu tinha vinte anos, dizendo-lhe que queria muito dirigir e produzir e ele me dizia ‘Por que esperar? Faça isso, faça agora. Não espere por nada. Apenas tente fazer isso o mais rápido possível. Agora estou dirigindo um documentário que infelizmente não posso compartilhar ainda do que se trata, porque é o projeto mais importante que tenho e não quero falar muito cedo. Já estou trabalhando nisso há cerca de um ano, e preciso de mais dois anos. Não é uma coisa curta ou fácil, mas está acontecendo”.

Tendo co-estrelado recentemente com Adam Driver em Ferrari, a atriz abordou o contínuo desequilíbrio de gênero na indústria cinematográfica e televisiva ao descrever sua personagem Laura Ferrari:

" Naqueles anos, era muito difícil para uma mulher ter voz numa empresa como aquela… Mas sinto muito, sinto que ainda hoje é assim em muitos lugares ao redor do mundo. E é só olhar em volta e você vai encontrar mulheres vivendo na sombra dos homens e eu não gosto quando, sempre se diz na nossa profissão 'é ótimo o quanto as coisas mudaram', porque é uma mentira. As coisas não mudaram muito. Talvez um pouco, não tanto”.

No final da sessão, uma jovem atriz perguntou que conselho ela daria a alguém que está começando no ramo. Cruz destacou que a versatilidade é importante, profissionalmente, mas também teve algumas palavras mais maternais para a adolescente que foram recebidas com risadas e aplausos do público.

“Quando alguém da sua idade me pede conselhos, fico muito nervosa porque me pergunto ‘quem sou eu para lhe dar conselhos?’. Mas ao mesmo tempo você está pedindo isso e o que vou dizer pode parecer estranho, mas o que posso lhe dizer de coração e sobre o que tenho conhecimento, e sei que estarei certa sobre o que vou falar, é que não use drogas. Acho que é um conselho muito bom para uma jovem de 17 anos. Porque então você pode se concentrar no seu trabalho. Mas não toque nessa porcaria. Esse é meu único conselho para você”.