O ator brasileiro Wagner Moura segue conquistando audiências em todo o mundo participando de projetos robustos e aclamados pela crítica. Depois do sucesso internacional de Tropa de Elite e Narcos, Wagner Moura protagoniza mais um filme altamente politizado e cheio de ação, Guerra Civil.
Dirigido por Alex Garland (de Ex_Machina: Instinto Artificial e Aniquilação), o longa produzido pela A24 segue a ruína do império americano ao submergir os Estados Unidos em um conflito interno, fruto da polarização da sociedade. Visto através da experiência de um grupo de jornalistas de guerra - que inclui Moura, Kirsten Dunst e Cailee Spaeny - a obra é "uma corrida até a Casa Branca em uma América do futuro próximo equilibrada sobre o fio da navalha."
Os riscos da polarização
Em entrevista ao THR, Moura conta sobre o processo intenso das filmagens em Atlanta, que ocorreram a aproximadamente dois anos. O filme, que aborda o horror que os extremismos da polarização podem gerar, ressoou também com a vida do ator. Em uma cena (que é retratada no trailer), o personagem de Jesse Plemons, apontando uma metralhadora, pergunta para os jornalistas: "Que tipo de americanos vocês são?"
"Eu sou um cidadão americano, mas eu falo com sotaque e não sou daqui.", refletiu Moura. "Me fez começar a pensar, 'E se eu estiver dirigindo em algum lugar dos EUA profundo e parar em um posto de gasolina e alguém me perguntar de onde eu sou ou o que eu estou fazendo aqui? Como eu reagiria?", explicou o ator. A tal cena refletiu as implicações muito reais que o longa de ficção evoca. "Eu estava realmente destruído depois (de filmar a cena). Nós filmamos essa parte em dois dias, e depois eu só deitei na grama e chorei."
Filmagens intensas
Guerra Civil teve sua première no festival americano SXSW e as reações da audiência revelam a intensidade da atmosfera que o filme cria, comentando sua imersividade e visceralidade. Moura contou que decidiu sentir todos os estímulos do set, que se tornou um verdadeiro campo de guerra.
"Alguns dos atores usaram protetores de ouvido no set, mas eu queria ouvir - e sentir - cada explosão", disse o ator. "Foi muito exigente, e quando nós estávamos filmando aquelas cenas do final, eu e Cailee tínhamos o hábito de correr pelo set para aquecer entre os takes. Seu corpo realmente precisa comunicar com você."
Quando questionado quanto tempo ele levou para 'voltar ao normal' após o fim das filmagens de Guerra Civil, Wagner Moura diz não saber ao certo, "De alguma forma ainda está lá". Ele dá o exemplo do que passou com a série Narcos: "Quando eu fiz Nacos, que era bem pesada, eu fazia cenas onde eu estou matando ou fazendo coisas horríveis, eu terminava a cena e minha mente seguia em frente. Eu pensava, 'Eu vou tomar uma cerveja, ou eu tenho que ligar pro meu filho, ou eu tenho que pagar aquela conta.' Mas o meu corpo não sabia que eu tinha seguido em frente. Eu ia pegar uma cerveja e o copo na minha mão chacoalhava feito louco. Aquilo não sai de você."
É claro que nem de bombas e tiros foram feitas as filmagens do longa de guerra. Houve até um espacinho para apresentar música brasileira aos colegas de profissão. Apesar de muitas cenas confinadas dentro de um carro, Moura revela que o processo foi muito bom. "Kirsten (Dunst) - e Jesse (Plemons) - são pessoas muito centradas. Stephen (McKinley Henderson) é um ser humano maravilhoso, e eu aprendi muito com ele. E a Cailee é muito legal. Ela curte músicas antigas, como Dolly Parton, e colocou músicas americanas dos anos 50 que eu não conhecida. E eu mostrei para ela músicas brasileiras."