O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro chega à sua 56ª edição com exibições no Cine Brasília, Complexo Cultural de Planaltina, Complexo Cultural Samambaia e Auditório II do Museu Nacional da República. O mais longevo festival cinematográfico do país é tradicionalmente o mais político e historicamente polêmico. De 09 a 16 de dezembro, a capital recebe produções nacionais inéditas (21 longas-metragens e 20 curtas), atividades formativas e eventos de mercado.
Mostra Competitiva Nacional
Documentário de Sandra Kogut
A Mostra Competitiva Nacional de Longas-Metragens conta com seis títulos, desde documentários, filmes de ficção, até o híbrido de docuficção. Destaque para o mais recente filme de Sandra Kogut (diretora de Mutum e Campo Grande) que aborda o incidente violento de 08 de janeiro na capital. O título empresta um verso do hino nacional: No Céu da Pátria Nesse Instante. Lê-se na sinopse oficial do documentário: "O filme acompanha de perto os meses turbulentos do período eleitoral que culminaram na invasão do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do STF em 8 de janeiro de 2023. Por meio do olhar e da vivência de alguns personagens envolvidos no processo das eleições, mergulhamos num Brasil de tensão e expectativa, onde coexistem realidades paralelas, que têm dificuldade de se enxergar mutuamente. Um registro de um momento na história do país onde a democracia esteve seriamente em jogo."
Novidade de Ariel Kuaray Ortega
O longa-metragem A Transformação de Canuto, é fruto do coletivo Vídeo nas Aldeias criado por Vincent Carelli e colaboradores. A docuficção é assinada pelo cineasta indígena Ariel Kuaray Ortega, que divide a direção com Ernesto Carvalho. O filme chega ao Festival recomendadíssimo com dois prêmios no Festival Internacional de Documentários de Amsterdã (IDFA). A sinopse oficial indica o dispostivo interessante do filme que chama para o folclore indígena: "Em uma pequena comunidade Mbyá-Guarani entre o Brasil e a Argentina, todos conhecem o nome Canuto, um homem que, muitos anos atrás, transformou-se em onça e depois morreu tragicamente. Agora, a comunidade se reúne em torno da produção de um filme para retratar sua história. Por que isso aconteceu? Mas, mais importante ainda, quem daquela aldeia deve interpretar seu papel?"
André Novais está de volta
O cineasta mineiro André Novais de Oliveira volta ao Festival com o seu O Dia que te Conheci. Em 2018, o diretor ganhou o Troféu Candango com Temporada e, nesta edição, quebra a regra de filmes 100% inéditos no Festival - a comissão de seleção incluiu a produção na competição apesar de suas passagens pelo Festival do Rio, Mostra de São Paulo e pela Mostra de Cinema de Gostoso. Em O Dia que te Conheci, "todos os dias, o bibliotecário Zeca tenta levantar cedinho pra pegar o ônibus e chegar, uma hora e meia depois, na escola da cidade vizinha onde trabalha. Acordar cedo anda cada vez mais difícil, algo que o impede de manter essa rotina. Um dia, Zeca conhece Luisa."
Aos três títulos mencionados, juntam-se ainda, na Mostra Competitiva de Longas-Metragens, Mais Um Dia, Zona Norte, de Allan Ribeiro; Nós Somos o Amanhã, de Lufe Steffen e Cartório das Almas, de Leo Bello. Entre os 12 curtas-metragens da Mostra Competitiva está Remendo, de Roger Ghill, que ganhou o Kikito de melhor curta em Gramado e o troféu Vitória, no Festival de Vitória do Espírito Santo.
Coproduções e destaques da edição
O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro traz ainda quatro coproduções ilustres em uma mostra especial: O Livro dos Prazeres (Argentina e Brasil), de Marcela Lordy; Puan (Argentina, Itália, Alemanha, França e Brasil), de Maía Alché e Benjamín Naishat; Levante (Brasil e Uruguai), de Lillah Halla, e o muito aguardado Sem Coração (Brasil, França e Itália), de Tião e Nara Normande.
O Festival teve início com a exibição de Ninguém Sai Vivo Daqui, de André Ristum. A produção é livremente adaptada do livro Holocausto Brasileiro, de Daniela Arbex, e da série Colônia, explorando as trágicas histórias de internação compulsória e torturas no Hospital Psiquiátrico Colônia de Barbacena, em Minas Gerais. A figura homenageada dessa edição é o ator Antonio Pitanga (Na Boca do Mundo), que será premiado com o Troféu Candango pelo conjunto de sua obra. A 56ª edição será encerrada com Raoni - Uma Amizade Improvável do cineasta Jean-Pierre Dutilleux. O filme, que traz a relação entre o cineasta e o cacique Kaiapó Raoni e homenageia aquele que é um símbolo global pela demarcação de terras indígenas, será exibido na Sessão Especial Hors Concours.
Conheça no vídeo abaixo a lista dos títulos em competição no Festival.